O Ourives - O Esqueleto de Ouro - Conto de José Guimarães.
Este artigo é continuação da história O Esqueleto de Ouro, parte 1.
Considere ler a primeira parte da história O Esqueleto de Ouro clicando no link abaixo:
Um homem que tinha muita ganância por ouro
Entretanto, sem saber que seu belíssimo trabalho seria sua sentença de morte, o ourives, empolgado com a escultura que lhe daria dinheiro, fama e prestígio, pôs mãos à obra imediatamente. Contratou uma equipe de colaboradores. Estes não poderiam nunca ver o esqueleto, determinação do Sr. Khaled. Trabalhavam, portanto, isoladamente.
Por ordem do Sr. Khaled, isolaram uma ala do castelo – este ficava no alto de um morro – e a transformaram num recinto onde só podiam entrar o Sr. Khaled e o ourives.
- Tudo o que o senhor precisar – disse o Sr. Khaled ao ourives, – é só pedir.
- Perfeito, Sr. Khaled. Tudo vai ficar a seu gosto.
“Tem de ficar”, sorriu o Sr. Khaled, “pois sua obra será a última também, de um jeito ou de outro”.
Só que havia também no local um feiticeiro que também tinha ganância por ouro. Mas como era pobre e não podia comprá-lo, ao saber do esqueleto que o Sr. Khaled pretendia fazer, bolou um plano para destruir a obra, pois não suportaria ver ninguém feliz. A partir daí, ficou algum tempo pensando num plano de sabotar a rica obra de arte.
Claro que por ser feiticeiro sua idéia não seria outra senão preparar um majestoso feitiço. Então, juntou os ingredientes necessários num caldeirão e pôs mãos à obra. Entre fumaçadas e vapores mal-cheirosos, predestinou que todos os que tocassem na tal obra de arte fossem transformados em pedra de sal para que se desfizessem com o passar do tempo.
Até sorriu ao visualizar a estátua sólida e luzente envolta de outras estátuas menores semiderretidas, isso porque pensou que muitas pessoas tocariam a estátua, ficaria então a obra mais linda que nunca e mais fantástica que a esculpida pelo ourives, que não teria estátua em volta.
Só que ele não sabia que o Sr. Khaled tinha mandado construir um templo subterrâneo, como faziam os antigos egípcios para proteger o tesouro dos faraós, onde ninguém entraria nunca, deixando uma única fresta no teto por onde entraria o raio do sol exatamente ao meio-dia e o clarão da lua à meia-noite. Fora isso, nenhuma outra luz entraria no recinto em momento algum. As portas eram secretas, só ele conseguia entrar.
O esqueleto ficaria, portanto, iluminado exatamente ao meio-dia quando houvesse sol e à meia-noite quando houvesse lua.
Entretanto, como ele queria que sua obra ficasse intocada – ele já tinha matado o ourives e todos os que trabalharam na obra - e como ninguém a não ser ele mesmo teria acesso a ela, o esqueleto ficava sempre intacto. Ele nunca encostava um dedo sequer na magnífica obra para não sujá-la.
P
ois bem, passado um bom tempo, entretanto, sem saber da determinação do feiticeiro, um dia, depois de admirar cada detalhe da belíssima obra, o Sr. Khaled não resistiu à tentação e tocou na estátua. Ficou grudado imediatamente no local, petrificado, virou estátua de sal. Aí sua obra de arte ficou mais esquisita ainda, como pensara o feiticeiro. Agora era um esqueleto de ouro tocado pelo dedo de uma estátua de pedra de sal do mesmíssimo tamanho.
ois bem, passado um bom tempo, entretanto, sem saber da determinação do feiticeiro, um dia, depois de admirar cada detalhe da belíssima obra, o Sr. Khaled não resistiu à tentação e tocou na estátua. Ficou grudado imediatamente no local, petrificado, virou estátua de sal. Aí sua obra de arte ficou mais esquisita ainda, como pensara o feiticeiro. Agora era um esqueleto de ouro tocado pelo dedo de uma estátua de pedra de sal do mesmíssimo tamanho.
O tempo passou, passou e passou... Como o Sr. Khaled não costumava ter relacionamento com ninguém, ninguém deu pela falta dele.
O feiticeiro também havia desaparecido. Entretanto, antes de morrer, como uma forma de livrar sua consciência do peso do remorso, revelou seu segredo numa confissão a um ermitão.
Como o ermitão não podia revelar o segredo dele a ninguém, guardou-o até à morte. No entanto, como uma forma de também livrar a consciência do peso do remorso, anotou-o num diário que havia muito vinha escrevendo e pretendia rasgá-lo pouco antes de morrer.
Conto: O Esqueleto de Ouro
Autor: José Guimarães
Autor: José Guimarães
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